Uai, uai. Cuidado que um dia a casa cai ...

por Ŧяєdy Gσmєs

Geintem, eu juro que eu tento me segurar pra não descer do salto e armar um ori. Mas acontece que eu só passo por situações que eu sou obrigada a isso. Isso me deixa um pouco preocupada. Será que jogaram macumba em mim? Acho que hoje meismo vou pegar Diva e Laura e levá-las junto comigo num terreiro de umbanda e devolver a oferenda. Maria Pinguinha, se eu descobrir que foi você, vou até a porta do cabaré, digo, do seu serviço e vou cumprir aquela ameaça antiga de te gillettar todjinha, viu?! Me aguarde ...

Desculpe! Me empolguei ...
Há um tempinho atrás [eu era virgem ainda], tchive um affair com um carioca. Achando que ele era o único cara que entendia meu cabelo colorido [azul, na época] e meu desejo de poder e lúxuria, acabei cedendo às suas cantadjinhas baratas. Eu tchinha 18 anos e ele 30. Ficamos nesse romance virtual [sim, virtual] por uns dois ou três meses. Eu, morando em Sampa, não podia fazer nada. Eu não tchinha o hábio de bater cabelo em buatche ainda, mesmo já conhecendo as outras cilibrinas. Nossa amizade era ainda chá de bebê [e não de picão] uma na casa da outra, sabe?! Dhézona ainda estava em processo de conversão religiosa [da umbanda para o ateu], Diva apanhava do seu ex-namorado, o go-go boy Donato e Soraya ainda era fiel ao seu ex-namorado Ricki. Será?! E eu tchinha só beijado uma pessôua, meu primeiro namorado. Nooossa! Pensando bem faz muuuito tempo meismo. Eu ainda fazia a linha atchiva ...

Vamos parar as lembranças por aqui porque meu passado, embora tenha sido comprado, eu tenho algumas coisinhas de que me envergonho. E não fiquem espantadas ao lerem isso porque tenho certeza que vocês são mais sujas que eu. Até a Xuxa apanhou em filme e foi chamada de rameira. Porque eu não posso ter um passado com alguns pesares, guerelho?! Ah, falei ...

Esse cara do Rio de Janeiro vivia me prometendo que viria para Sampa e eu, na esperança, esperava. Um dia caí em si e pensei: "Minha Nsa. Sra. das Travestys, o que eu tomei? A maconha tá me fazendo mal mesmo. Acho que já é hora de parar ..." Não parei, mas rompi o romance virtual. Confesso! Hoje eu posso dizer que sou limpa e meus neurônios não foram afetados.

Esse ano, para meu azar ou surpresa, o viado resolver dar um giro por alguns estados brasileiros e vem parar aqui em Sampa, me causando uma puta quizila. Ele me mandou alguns recadjinhos pelo Orkut, Torpedo SMS e e-mail. Ele chegaria em Sampa no dia 30 e três dias antes já queria marcar algo comigo. Fui muito receptchiva [no bom sentido] e marquei de vê-lo. Uêrro!

No domingo resolvi ligar pra ele e marcar de conhecer-me, tirar foto e dar autógrafo. Sabe como é ... Ele me disse que estaria num hotel no centro da cidade. Eu conheço bem o centro mas confundo os hotéis. Peguei o endereço e tomei rumo. Miniiina, já fiquei putérrimah mas me contchive. Porque?! Uma que a geintche não chama purgueiro [albergue] de hotel. Duas que eu fui parar no lado fino do centro, mesmo com o endereço em mãos. E três que eu não sou obrigada!

Falei que chegaria entre 10h e 10h30 da manhã. Deu 10h01 o boy já me liga eufórico. Cheguei e o boy já estava na recepção ansioso. Recebi um carinho Gilberto Gil [Aquele Abraço] e fomos até seu quarto. Enquanto conversávamos ele me mostrava as fotos e aproximava cada vez mais, pegando no meu braço, deslisando sua mão sobre minhas costas e me dava um beijinho no ombro. Eu, coçando a xana [literalmente] naquele cobertor barato, levantei e fui ajeitar meu picumã. Ele tomou um banho e arrumou a mala [da viagem, tah?!]. Pegamos um taxi e fomos até a casa de um amigo dele na Paulista, que também viajaria com ele depois. O cara era muito esquisito e tchinha um carão. Como sempre néam, EU NÃO DEITO!

O Carioca: Fredy, esse é o Flop, meu amigo.
Eu: Tah bôua, môna? - penÓsa
Flop: (carão e me mede do salto até o picumã)
O Carioca: Vamos entrar ... - se jogando
Eu: Com lizenzan! - rebolando a dentro do apê
Flop: Run - passado!

Conversas e drinks após, resolvemos sair para almoçar. Restaurante phiníssimo e ilustre. AdÓro! Mas ninguém pode nem sonhar como os dois cidadões comiam. Não vou nem relembrar isso porque foi chocante. Perdi vários bophs que me flertavam naquele momento. Quando eles viam as duas criaturinhas do sertão comendo, acuendavam. E o Flop era tão fresco que vocês precisavam ver. O Carioca comendo tudo com ketchup. Eu ainda sentada ao lado morrendo de medo de cair uma gota na meu modelito de onçinha. Ô, queima-ponto do Inferno!

Fomos em outro lugar tomar café. O viado tem bom gosto, mas não tem bons modos. Flertei com mais alguns caras ricos e dei a Elza em algumas carteiras. Flop se despediu da geintche e eu fiquei com uma bomba na mão. Onde levar aquele viado?? Levei no Shopping e ele queria ir no cinema. Não ia dar tempo porque o vôo [de estrada] dele estava marcado para muito cedo. Demos algumas voltas, comprei algumas roupas de griff e alguns souvenirs para amigas. Depois fomos na feirinha que estava tendo no MASP (Museu de Arte de São Paulo). Mais algumas lembrançinhas e algumas mais por ajuda à cultura. Sentamos atrás do MASP, que tem um visual lindo. Encontrei alguns amigos que eu dava uns tapas junto e um pessoal da dança. O Carioca super no cio não soltava da minha mão, o que foi me deixando cada vez mais nervÓsa. Ele me confessou alguns planos e sentchimentos. Eu, quase jogando ele daquela altura, ouvi e fui enchendo. Quando ele se aproximou para me beijar, o babado começou:

Eu: Viado, kem disse que você pode me beijar? - cega de ódzio
O Carioca: Mas, mas ...
Eu: A sra é mais uoh, feia e mais gorda do que na foto - muito franca!
O Carioca: Eu só pensei que a gente ...
Eu: Não pense, meu bein. Se fecha!
O Carioca: Fredynho, eu só ...
Eu: Cala essa sua maldita bôuca e vamos embora!

Não se pode dar liberdade mesmo. A geintche marca um encontro na amizade e por pura educação e as pessôuas já querem dar ré no kibe. Só de escrever já fico nervÓsa. Não, vocês ainda não entenderam. Eu estou realmentche nervÓsa [jogando tudo pela janela].

À metros de distância e na velocidade Daslu, levei O Carioca até a casa do Flop. Começa o 2ª Round na esquina:

Eu: Ta em casa já, guerelho!
O Carioca: Fredy, me desculpe se eu ...
Eu: Não há desculpa por estragar meu dia!
O Carioca: Por favor, aceite isso em troca do seu perdão ...
Eu: Coméquié? Tá querendo me comprar? - sombracelha arqueada
O Carioca: Ér, ér ... - cagando no maiô
Eu: Eu aceito pra você ver como sou bôua! - tomando posse
O Carioca: Obrigado!
Eu: Desencosta!
O Carioca: Nossa, Fredy ...
Eu: Agora guia! Guia antes que eu enfie esse gillette na sua guela!

Dei as costas e fui embora. Ainda ganhei um cordão de ouro lindo. Acho que eu mereci pelo esforço e humilhação que passei. Eu nunca disse que prestava ...

0 comentários: