Errei no ebó, acordei Bethânia!

por Ŧяєdy Gσmєs


Este post é dedicado às ameegas Alexia e Laura, pois assim como eu, tivemos a tragédia de errar no ebó e acordarmos a cara da Maria Bethânia ...

Mesmo depois de ter namorado a beesha macumbeira do Anjo da Noite e ter lido o seu livro "TeleCurso de Macumbas e Ebós de 2006", eu confesso: errei no ebó! Ô, meu Pai! Me ajuda a nunca mais errar pois a experiência foi traumática. Tive que sair na rua com uma máscara de ferro, como a das mulheres rebeldes do iniício da civilização utilizavam.

Daí você me pergunta: "Pô, vinhadu! Onde foi que você errou?" Claaaro que eu não conto porque eu não deito e não confesso o ebó. Mas tenho as cobaias-ameegas que passaram por esse drama e podem nos contar a sua experiência. Me digam, ameegas. Onde foi que vocês erraram?

"A mãe-de-santo falou pra eu comer uma galinha e matar um travesty, só que na hora eu errei e acabei matando a galinha e comendo o travesty, daí ..." (Alexia Ambulante, 24 anos, prostituta)

"Acendi vela rosa pra Xangô e era marrom. Xangô se enfureceu e me fez Bethânia ..." (Laura Meu Bem, 21 anos, filósofa)

Medo, néan? E pensar que eu passei por isso ... Já me dá caquete e xilique de pensar. Pé de pato, Mangalot 3 veiz! Mas hoje quem me ajudou (por milagre ou interesse) foi a miserável da Dhé. Não sei se já contei aqui antes de quando eu a conheci? Acho que já, mas eu faço questão de contar porque, meu bein, não são todas as beeshas que tem um passado colorido e limpo como o meu, néan?

Dhézona era uma mulher largada, mal vestida e mulambeira. Ela andava com um turbante roxo na cabeça, vestidão branco, galhinho de arruda na orelha, cheia de pulseiras de fitinha do Bonfim, colares de palha, cartas de Tarot e descalça com o pé todo rachado. Um verdadeiro lamento. Ela roubava, era pedinte e enganava o povo lendo mão à troco de moedas e cigarro Derby Suave no Viadulto do Chá.
Num dia de desespero, após ser bandonada, oops ... terminado o namoro, eu ia me suicidar: ia me jogar do Viadulto quando uma mão sebosa me segura e pergunta: "Moça, você tem 100 real pra me emprestá?" Olhando a aparência daquele ser repugnante na minha frente percebi que nada podia ser pior do que a vida daquela cidadã. Em troca, levei ela pra almoçar (no Bom Prato), dei banho nela (na fonte do Anhangabau), dei roupas novas (brechó da Sé) e dei moradia (barracão do meu caseiro). Ela, muito grata, me prometeu amizade eterna. Claro que eu sabia que era pura força de expressão porque eu não acredito em amizade. O importante é ter um boy do lado, dólares e drag music, meu amô. De falsa já basta eu!

Deixa eu terminar por aqui de contar o passado condenante da Dhé porque eu tenho que fazer a linha grata à ela ...


Na última sexta-feira, fomos fazer um ritual num terrero lá nas bandas de Franco da Rocha (sai vuada, genteim!) junto com as ameegas Ciganete Pega Pacote, Moacyrna Pentagrama e Lestad Zé Pilintra. Impressionante o que elas faziam para receber as Pombas Giras. Eu acho uoh, mas quando a gente quer uma coisa muito rápido fazemos de tudo, néan? Dhézona fumando cachimbo, murmurando e dando várias piruetas. Vocês sabem que depois da meia noite toda bruxa vira Xuxa, néan? Meus cílios que chegaram recentemente de Taiwan mal encostavam um nos outros de agonia. Não queria perder nada. Até que um grito selou o silêncio: "Carcarááá! Pega, mata e come! Carcarááá! Mais coragem do que homem!" Impossível! Maria Bethânia estava lá incorporada na Dhé. Com medo de ter meu rostinho de maçã transformado em Bethânia novamente corri para a linha do trem. Era melhor morrer ali do que ser irmã do Caetano e filha de Dona Canô. Coragem!

Acordei na manhã seguinte linda como sempre. Mas meu pensamento me deixava inquieta e eu não prestava atenção no Mais Você e nem sentia o sabor do meu Activia. Não agüentei e liguei pra Dhé. Passei essa humilhação de ligar para o orelhão da rua e ter que esperar 15 min até um pobre chegar na casa dela e chamá-la para atender. O ebó estava concluído e percebi que realmente eu iria possuir o que tanto queria. O ruim é que até agora eu tô esperando. Não sei se é porque a Dhé é velha e as coisas demoram mais pra acontecer, mas a esperança é a última que morre néan? Acho que até a Dhé morre primeiro ... Nhá!

Mais nada que alguns dias (7 dias para ser mais exata) não passem e comecem a acontecer as coisas que eu pedi. Tô adorando assistir tudo de camarote e fazer a linha surpresa. Mas não sou só eu que erro no ebó, viu:



Depois da barraquinha de R$1,99, Joerma resolveu emprestar seu nome para uma marca famosa e poder lucrar com o povo se deliciando enquanto olha para o seu k-rão. Eu mesma fiquei passada quando fui fazer comprinhas básicas no supermercado e vi o novo produto estampado em destaque nas prateleiras. Meniiiina, hoje em dia é tudo tão fácil. Com com eu preciso dormir pra ficar marca de sabão em pó ou absorvente?


- O que era seboso de olhar, ficou gostoso de comer! -

Dhézona, sabendo que um dia a morte bate na porta do barracão, resolveu se previnir, assim como Dercy Gonçalves, e comprou uma cova pra enterrar sua carniça. O que mais me deixa indgnada e de boca aberta para a boquete é o fato das pessôuas serem otimistas ao extremo e sempre pensarem o pior. Mas cá entre nós, não é segredo pra ninguém que a Dhézona cara de maracujá seco, pra iidade que tem, faz mais coisas que gente nova. Quem olha pra cara desgraçada dela não fala que ela 'come' a mulherada do bairro e ainda deixa com gostinho de quero mais. A sapa faz mais 'séquiçu' que eu. Abafa o caso ...!



- Que nem Raul Seixas, esperando a morte chegar ... -


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