Virada Cultural ou "Papa, eu te amo!"

por Ŧяєdy Gσmєs

Noite agitada e pessôuas eufóricas completavam a 6ª feira de São Paulo. Eu, relaxando no conforto do meu ilê, fui incomodada por um ser à toa e aproveitador. Seu nome: Dhézona Caminhoneira!

- Alôka?!
- Uolô, bi?!
- Fala, miséria. Tá bôua?
- Como cê sabe que sôeu?
- Intuição, bom senso e bina, meu amô.
- Ah, tá ...
- Mas desembucha. Ao que devo o pecado dessa amolação?!
- Num tô intendenu. Num fala palavra difíci, bi!
- Fala logo o que você quer, ca-ra-lho!
- Intão, tô ligando pra saber se cêvai ...
- Se eu vou? Aonde? Como assim?
- Cê num tá sabenu?
- Conta onde é o furdunço.
- Ô, bi. A Virada Curturá du Centro.
- A sra só pode estar brincando!
- Ué, e purquê?
- Porque eu não sou digna de favela!
- Mas é tudo di graça, meu. Proveita!
- Por isso mesmo! Tudo que é de graça lota de baixo nível.
- Mas nóis vamu tomá breja e tudo mais.
- Tá me chamando pra tchi bancar, sacoleira?
- Não, tô levanu dinhêru.
- Tá roubando agora, marginal?
- Não, fiz um bico e ganhei.
- É, pra me pagar a sra não tem!
- Érrr ... Cê vai intão?
- Não!

Agora as senhôuras imaginam meu grau de stress após um dia agitado e uma futura noite de pegação na cama com o boph, e a saudosa maloca me chamando pra ficar no meio da muvuca. Ainda mais que estava assistindo Maria Esperança no SBT. Ah, por favor ...

Na manhã seguinte, não foi diferente:

- Ain, quem é?! (sono)
- Alô, beesha?! Sou eu, a Cida.
- Cida Cereser?! Passada ...
- Desculpa te acordar às 10h, mas a sra tinha que saber ...

Nesse momento, dei um giro 360º sob minha cama e já estava de pé com minha camisola de oncinha e minha pantufa do Frajola.

- Conta o basfound!
- Fui na Virada Cultural e ...
- Não me diga que a sra me ligou pra falar disso?!
- Cala a boca e ouve que é coisa séria.
- Fala ...
- Então, fui na Virada Cultural e acho que eu vi a Dhé.
- Sério?!
- Sim, ela tava vendendo cervejo num isopor.
- Normal, era ela!
- Depois que os shows terminaram, eu a segui. Ela foi até a Praça da Sé e, dessa vez, ela não foi vender tapioca ou pedir esmola!
- O que ela foi fazer, então?
- Foi atrás de rabo de saia!
- Foi o que imaginei.
- Mas aí que vêm o pior ...
- Fala logo que já tô tensa.
- Ela mexeu com uma amapôa comprometida e apanhou de uma sapatão!
- Miniiina! (passada)
- Daí ela começou a beber o resto das cervejas do isopor, ficou colocada e entrou numa briga de policiais e roqueiros. Ela se uniu aos roqueiros e eles quebraram t-u-d-o-!
- Tudo o que?
- Invadiram as lojas da Sé, quebraram e roubaram.
- Geintch!
- Até eu fiquei assustada ...
- Ah, tá. Obrigada pela intenção, mas eu odeio fofoca. Uma beija!

Uma semana depois, na maior cara de pau, Cida Cereser volta a me ligar:

- Beesha, a sra vai ver o Papa?
- Ainda bem que a sra me lembrou ... Obrigádan!
- Vamos juntas?
- Lhinda!
- Então, te encontro no metrô Sé.
- Parô! Eu não vou na Sé. Tá loka?
- Mas o Papa está na Sé, viado.
- Meu bein, meu exame de papanicolau é em outro lugar ...

O viado ainda ousa em desligar no meu carão. Eu sou obrigada?
Cida Cereser é uma beesha interiorana de 'Agagaquaga', que agora mora em São Paulo. Ela já chegou causando, fazendo fofoca e processando a Telefônica. Abusada! Nem vem que a cidade ficou pequena pra nós duas ...

Ah! Esqueci de comentar ...
Dhézona Caminhoneira estará ausente por tempo indeterminado devido uma chantagem que recebeu de uma beesha aproveitadora de fofocas. Se alguém souber o nome ou alguma coisa dela, encaminhe um e-mail para o nosso S.A.C. que tentaremos achar algum podre dela e salvar Dhézona das garras de Soraya Maldita. Sigilo absoluto!


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